Queria começar este blog dizendo como me apaixonei pela Índia e como me sinto essa cidadã do mundo. Antes de ter uma nacionalidade, um gênero, eu sou um ser humano complexo (e bota complexo nisso), costumo dizer as pessoas que nunca tentem me entender, mas que se puderem tentar aceitar minhas loucuras e gostar de mim seria maravilhoso.
Começo a minha história dizendo que sou Alice e exatamente como a personagem da história de Lewis Carrol, sou uma sonhadora inveterada, que parte do tempo estou aqui, parte estou lá, no meu país das maravilhas, e sou feliz assim, meio moleca, meio mulher, e o céu não é o limite.
A Índia entrou na minha vida por causa de algumas músicas e danças, sou uma curiosa e apaixonada pela arte que é contar histórias através de movimentos e expressões. Amo a dança desde pequena, fiz todos os tipos de dança e acho que esse amor me leva a muitos lugares que eu nunca estive e que acabo querendo estar e descobrir novas culturas, costumes, comidas e enfim, tudo.
Então comecei a ver alguns videos no youtube sobre dança indiana e, na mesma época, alguns ritmos africanos também. Logo em seguida, lançaram a novela Caminho das Índias, que foi aquela febre. Todos ficaram sedentos de informação, querendo saber mais sobre o povo indiano e sua cultura. Diversos indianos começaram a adicionar brasileiros em redes sociais pela internet e nessa descoberta desse novo mundo me vi completamente envolvida por todas aquelas cores, ritmos e expressões suaves e fortes dos atores de Bollywood. Uma certa inocência com charme que me fez refém e desde então não parei mais.
Sou bibliotecária e aproveitei o momento para fazer um projeto, na escola em que estagiava, onde eu pudesse falar dessa paixão, e foi um sucesso, virei a tia da Índia e adorava tal status. O filme que passei para as crianças foi um pedaço de Saawariya, filme que meu noivo, Márcio, havia baixado na internet e que foi também meu primeiro filme. Mais tarde descobri que o filme foi um fracasso na Índia e que todo mundo detesta, mas eu gosto, pela importância que ele teve no meu processo de conhecer Bollywood.
Para que tudo fosse bem real e palpável para as crianças mostrei filmes, danças clássicas e atrizes brasileiras que faziam sucesso lá e no final do projeto eu tinha mais de 50 alunos querendo fazer uma apresentação de dança e... ela aconteceu... foi lindo.... a música na época não poderia ser outra senão... kjara re, cantada por Alisha Chinai.
Nessa época montei uma coregrafia que mais tarde fui saber que não tinha nada de indiana... apenas alguns passos inspirados no clipe musical do filme Bunty aur Babli... hehehe.
Comecei a fazer workshops de dança indiana e eu já sabia que não tinha volta. Conheci uma dançarina indiana maravilhosa e tive o prazer de dançar meus primeiros passos de dança indiana... te adoro Manisha Chauhan.
A dança indiana é a junção de tudo que é lindo... olhares, gestos, alegria, leveza e charme... toques que batem ritmados com o coração... sons que só instrumentos de lá sabem fazer... enfim... agora faço algumas apresentações, apesar de não ser dançarina de fato, vou com a cara e a coragem... na paixão, e é sempre um acontecimento.
O mais importante de tudo é aprender a respeitar as diferenças, e saber que cada um tem seu jeito, seu credo, sua maneira de ver a vida e isso de forma alguma nos distancia, pelo contrário, nos aproxima e nos ensina a viver.
Depois que você é fisgado pela arte, você nunca mais é o mesmo. Eu sou mais feliz hoje porque tive a oportunidade de dançar músicas indianas que amava e hoje tenho aulas com a maravilhosa Ana Paiva, que dança lindamente as músicas clássicas e arrasa no Bollywood dance.
Como sou multifacetada, isso não pára por ai, agora estou fazendo dança do ventre também... mas isso é outra história.